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Virtuosas e Perigosas - As Mulheres na Revolução Francesa

Atualizado: 1 de out. de 2021

Título: Virtuosas e Perigosas - As mulheres na Revolução Francesa

Autor: Tania Machado Morin

Editora: Alameda

Classificação indicativa: Adulto

Gênero: História - Nacional


"A esta citoyenne uma espada como testemunho autêntico de sua bravura e patriotismo"

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"A Revolução acentuou o papel das mulheres como barômetros das crises sociais."


Conheci esse livro acidentalmente enquanto ouvia uma rádio durante a hora do rush em São Paulo, e eles indicavam a leitura, com um argumento final que me fez ir atrás da obra: Os homens derrubaram a Bastilha, mas foram as mulheres que derrubaram o rei na França.


Livros e referências históricas apareciam do nada durante a escrita de "A Rosa e o Florete", me ajudavam a modificar coisas relevantes para manter o contexto correto, mas principalmente, e este em especial, para confirmar meu "achismo adolescente" que as mulheres na época não eram "recatas e obedientes", e sim, sabiam lutar pelo que queriam, dentro e fora do que lhes eram concedido como terreno de atuação. Guilhermina se formou com esta e mais algumas influências.


Encontrei neste livro a prova que tentava colocar em "A Rosa e o Florete": a pouca comentada participação das mulheres na Revolução Francesa, mas extremamente valiosa. A autora, mestre em História da USP, possui um currículo impecável sobre o tema, porém, temi que pelo conteúdo acadêmico (que já me cansava nas pesquisas durante a escrita), a linguagem fosse me tediar. Entretanto, a escrita de Tania é forte, e mesmo com um viés de pesquisadora, torna a leitura muito rápida e deliciosa, além de nos empolgar sobre essas mulheres que passamos a conhecer.


Ela trabalha desde as participantes da queda da Bastilha até aquelas que lutaram em guerras napoleônicas. E nos mostra que em nenhum momento essas mulheres eram teóricas, mas extremamente práticas no que queriam alcançar em suas batalhas durantes a revolução: direitos ao divórcio, à posse de armas, aos direitos iguais em serem cidadãs. Não queriam apenas frequentar clubes de discussões políticas e as platéias da Assembléia, mas subir às tribunas. Algumas conseguiram, e seus nomes são apresentados durante a leitura.


Eram tão informadas politicamente quanto os homens, e mais ativas que eles, além de não esperarem parcimônia na hora de decidir ir a uma guerra pela pátria. Foram vistas como heróicas, porém também como sedentas por sangue. Fugir do que era "natural de seu sexo" poderia condená-las à guilhotina.


Também há uma divisão só sobre como a imagem feminina era trabalhada na época, e muitas figuras e pinturas são colocadas no livro para ilustrar essas revolucionárias, e (porque não?) primeiras feministas da História. Lavadeiras, vendedoras, tricoteiras, mulheres-soldados, mães, burguesas, rosas, Mariannes, Libertés, Épeés, feias de dar medo, bravas, patriotas, viúvas, jovens, militantes, livres, politizadas, virtuosas, perigosas: essas foram as mulheres que arregalaram os olhos da Europa em atitudes nunca vistas na época para o sexo que deveria ser recatado.


Que nós, cidadãs, leiamos esse livro de forma apaixonante por nossa História, e escavemos as francesas caladas para que retomem suas vozes em cada página que desfrutamos dessa pesquisa exposta.



Guilhermina D'anjour - pelas excessões femininas

Como autora, fui muito questionada sobre se minha personagem poderia ser o que é. Esse livro me mostrou que sim, como uma excessão, porém existente na época.

O capítulo que me sensibilizou e me mostrou isso foi o 11 - Mulheres-soldados. Mulheres que antes e depois da revolução traçaram sua história pelas armas e em campos de batalha, que violaram leis que as proibiam de lutarem desta forma, indo além de sua "natureza delicada". Não é dar forças a um feminismo inexistente, mas dizer que o feminino era forte na França daquela época, e com provas, que podem dar voz à uma ficção.

Guilhermina é uma excessão de caso, mas não um caso impossível. Existiram mulheres assim, só que pouco comentadas ou aprofundadas. Fico feliz em ter tentado mostrar essas figuras pelo meu romance histórico, e mais ainda que uma pesquisadora brasileira tenha ido atrás delas para contar suas histórias.


Descobrir que, seja na ficção histórica, ou no universo da escrita acadêmica, as mulheres desconhecidas estão sendo representadas, e que outras mulheres também pensam como eu, que isso é importante em nossa História, me alegra como leitora e autora.

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