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Pachinko

Título: Pachinko

Autor: Min Jin Lee

Editora: Intrinseca

Classificação indicativa: Adulto

Gênero: romance histórico

"Viver todos os dias na presença daqueles que se recusam

a reconhecer sua humanidade exige muita coragem."


Esta resenha era para ter sido escrita faz um tempo, pois foi o primeiro livro de autor coreano e romance histórico sobre a Coreia que li. Mas acabei deixando de lado porque logo saiu o K-drama e não queria pegar o movimento de sucesso de cara... Enfim...


O livro começa com um romance proibido em meio à Coreia colonizada pelo império japonês no século XX, mas logo aborda questões mais complexas, como identidade, patriotismo e pertencimento, a partir das decisões da personagem Sun-Ja. E então iremos acompanhar a história dela e de seus filhos Isak e Noah, em um relato que beira à homenagem aos coreanos que perdem sua identidade em meio a uma conquista agressiva de sua terra natal.


Além de abordar a questão de identificação dos dois filhos de Sun-Ja, que tem seus destinos cruzados nos salões ilegais de jogos de azar, conhecidos como Pachinko (uma das modalidades de jogos), entre Coreia e Japão, a personagem principal é o coração da trama, e aprofunda a relação da mulher na sociedade coreana, como sua posição familiar e como ela é deixada em desonra ao perder sua virgindade e engravidando de um homem casado. Este ocorrido não marca apenas ela, mas seu filho fruto dessa relação. Mas ao se sacrificar casando com outro que a aceita em tal situação, é pelo bem de um futuro melhor apesar do passado, ressaltando o amor em um cenário patriarcal.


E assim como "Tigres na Neve", a obra também aborda as cicatrizes deixadas pela dominação japonesa em território coreano no século XX, onde os japoneses obrigaram o povo coreano a assumir outros nomes, outro idioma, serem subestimados e se formarem em outros território, onde eram vistos como estrangeiros inferiores. Imagine a sensação de nunca saber quem é você e onde deveria estar para ser aceito. É um pouco disso que o leitor pode entender na obra de Min Jin através das gerações: dos que viveram, dos que herdaram e dos que escutam os relatos.


E o livro traz um reflexo interessante da literatura coreana contemporânea: de ser escrita por mulher e sobre mulheres em destaque no papel das personagens principais, buscando revitalizar o passado, com erros e máculas em contraste com orgulhos, para reviver a identidade nacional.


E depois da leitura, é super recomendado assistir a série coreana também, feito e disponível pela Apple +, dando mais cor e vida à esta maravilhosa narrativa sobre um país que tenta incansavelmente recuperar sua essência a cada geração, e ser compreendido.




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