Título: O Verdadeiro D'Artagnan
Autora: Jean-Christian Petitfils
Classificação indicativa: adulto
Gênero: Bibliografia
"Os mosqueteiros deram provas de um valor extraordinário;
nunca se viu recuar nem um que fosse."
Quem me conhece, sabe que eu amo as narrativas dos Três Mosqueteiros, já tendo escrito aqui no blog diversos posts a respeito desta ficção e seu cenário real:
Mesmo já tendo tanto conteúdo, sempre descubro mais coisas sobre os caminhos literários de Dumas, bem como da realidade histórica dos personagens, outrora apenas frutos da imaginação do autor. E ainda estando em Paris, consigo investigar mais ainda no meu tempo livre sobre materiais que não tenho acesso no Brasil, especialmente obras de historiadores, como Petitfils.
O historiador tem um currículo que embasa suas pesquisas, com escrita de bibliografias desde personalidades do antigo regime francês, antes da revolução, até na cena cristã sobre Jesus e João Batista. E por conta disso, fiquei muito animada como a leitura pois, da mesma forma que o homem da máscara de ferro tem seus mistérios, a figura de D'Artagnan ficou muito presa aos romances de Dumas, sem revelar sua identidade fora das páginas.
Primeiro, Jean-Christian Petitfils explica como D'Artagnan chegou até Dumas, a partir do livro "Memórias de Monsieur D'Artagnan" de Courlitz, um jornalista, polemista e percursos do que ele chama de romance histórico-picaresco, ou farsante, o que já nos deixa um pouco triste de pensar que Dumas, reconhecido autor de romances históricos, se influenciou por uma versão equivocada de uma figura real. Então, explica como Courlitz inventou a versão de D'Artagnan, e afirma que existem 3 personagens:
o D'artagnan de Courlitz
o D'Artagnan de Dumas
e o D'Artagnan real, sendo este último o autêntico e pouco conhecido.
E a partir daí, ele vai atrás desse último D'Artagnan , sua trajetória desde a chegada a Paris, seu recrutamento como soldado (inicialmente não nos mosqueteiros), sua família - os irmãos mais velhos dele também tinham tido sua relevância para a Gasconha, apesar da distância fraterna - vida matrimonial (sim ele casou e teve dois filhos), e evolução para títulos e posições vantajosas na corte de Luís XIV.
Aliás, um evento histórico que o testou e depois o beneficiou depois foi o caso do Chateau Vaux-Le-Vicomte e o superintendente de finanças Nicholas Fouquet, que o nosso personagem precisou prender sob ordens do rei. Aliás, cheguei a visitar a construção, e entendi o motivo da inveja de Luís sobre esse palácio que influenciaria e muito na construção de Versalhes.
Foto do meu acervo pessoal, 2023.
Também o autor imagina como era D'Artagnan gascão em seu comportamento disciplinado, estrategistas e algumas vezes temperamental, que influenciaria em sua recepção por Colbert, o contador de Luís XIV, Mazarino, o primeiro-ministro religioso quando o rei era jovem, o dando prestigio até o final dos seus dias em campo de batalha em Mastricht. O corpo do capitão dos mosqueteiros do rei não pôde ser levado de volta a Paris, sendo enterrado no local, mas é dito que o rei lamentou profundamente a perda de um homem fiel e que podia confiar o cumprimento de suas ordens. Imagine Luís XIV, com seu ego lamentando um militar? Isso mostra o valor de D'Artagnan.
Infelizmente o livro, traduzido em português em Portugal e em francês originalmente escrito publicado na França, só está disponível de forma acessível nos sites de venda europeus. No Brasil encontrei a tradução por um preço muito alto e injusto, então fico feliz de poder adquirí-lo em Paris. Então, quem quiser conferir essa leitura indico a compra pelos sites da Amazon França ou Portugal.
Com certeza é mais uma leitura super-recomendada aos fãs de Dumas e dos mosqueteiros franceses!
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