"Não tinha escolhido seu ofício, mas, se suas qualidades
se desenvolviam no exercício dessa missão, era sem
dúvida porque tal função correspondia a seus talentos profundos."
Já se perguntaram como eram feitas as investigações de assassinatos, por exemplo, antigamente? Como que se descobriam os criminosos sem tecnologias de digitais e luminol?
Eu colocaria essas perguntas como premissa das histórias do comissário du Chatêlet Nicolas Le Floch, um jovem normando em Paris, atuando em investigações entre a capital francesa e Versalhes, interagindo entre a corte francesa de Luís XV e Luís XVI, pegando o período pré-Revolução Francesa e até o começo de seus indícios. E seu instinto é essencial para desvendar seus casos.
O autor da série de romances policiais, Jean-François Parot também tem um história interessante: foi diplomata no Senegal, em Vietnã e Atenas, além de conselheiro das embaixadas francesas em Doha, Cartum, Djibouti, Ouagadougou e Sofia. Também atuou como vice-diretor do Ministério de Relações Exteriores em Nantes e subdiretor da Direção de Cooperação Militar e Defesa. E como se não bastasse seu vasto currículo, também se tornou especialista em história de Paris do século XVIII, que se mostra evidente em suas histórias.
As aventuras de Le Floch foram traduzidas para o português, mas são difíceis de encontrar. Felizmente, achei a primeira delas, que em francês chama "L'Énigme des Blancs-Manteaux" (2000), e veio com a tradução "Aposta Fatal". E nele o jovem Nicolas nos é apresentado como um filho bastardo de um nobre que, com seu talento de investigador, é indicado para trabalhar junto do tenente-general da polícia de Luís XV, encarregado de assuntos especiais.
Nesta primeira leitura, vemos como o autor é minucioso nas descrições e como apresenta ao leitor os métodos de dedução, além de nos mostrar que já haviam "necrotérios" na época, e que talvez as melhores pessoas para explicar causa da morte não fossem médicos, mas sim carrascos, que é o caso do do Charles-Henri Sanson, o responsável pelas execuções sob ordens do rei e durante a Revolução Francesa. Ele aparece como personagem auxiliador de Le Floch durante a investigação.
O assassinato investigado acaba encadeando em Versalhes e em um problema para a corte, então o jovem investigador tem que se superar para descobrir o assassino. E isso vai fazer com que Nicolas se veja além de suas origens.
Outro título que li foi "Le Cadavre Anglais" (2007), que pode ser traduzido como "O Cadáver Inglês", e a leitura foi em francês mesmo, da coleção Grands Détectives. Neste volume, temos um comissário mais maduro durante a investigação da morte de um prisioneiro em fuga da prisão de For-l'Évêque, que levanta suspeitas dos motivos de um assassinato. E aqui entram os personagens da corte de Luís XVI, como a própria Maria Antonieta.
São um total de 16 histórias, sendo 14 escritas for Parot, e 2 últimas finalizadas pelo jornalista Laurent Joffrin, após a morte do autor original em 2018.
1 - O Enigma dos Mantos Brancos (A Aposta Fatal) - 2000
2 - O Hoem da Barriga de Chumbo (2000)
3 - O Fantasma da Rua Royale (2001)
4- O Caso Nicolas Le Floch (2002)
5- O Crime do Hotel Saint-Florentin (2004)
6- Flour Blood (2005)
7- O Cadáver Inglês (2007)
8- O Afogado no Grande Canal (2008)
9- A Honra de Sartine (2010)
10 - O Inquérito Russo (2012)
11- O Ano do Vulcão (2013)
12- A Pirâmide de Gelo (2014)
13 - O Estranho da Ponte Notre-Dame (2015)
14- O Príncipe da Conchinchina (2017)
15 - O Cadáver do Palais-Royal (2021)
16- O Enigma do Code Noir (2022)
E as histórias também foram adaptadas para uma produção televisiva da France 2, uma série de 2008, que super se dedicou em ficar mais próxima dos cenários retratados nos livros, sendo uma série bem fiel à época.
Enfim, a leitura dos livros de Nicolas Le Floch nos abre uma França pouco explorada dentro do gênero de Romance Policial e Thriller, e nos faz, além de conhecer mais das técnicas de investigação e estilo de vida do século XVIII, também nos apresenta personagens pra lá de intrigantes e interessantes.
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