Título: O Maravilhoso Bistrô Francês
Autor: Nina George
Editora: Record
Classificação indicativa: Adulto
Gênero: contemporâneo
"As pessoas não mudam nunca! Nós nos esquecemos de nós mesmos. E, quando nos redescobrimos, pensamos que mudamos. Mas isso não é verdade. Não se podem mudar os sonhos, apenas matá-los. E alguns de nós somos assassinos muito bem sucedidos."
Obra da mesma autora de "A Livraria Mágica de Paris" que já foi resenhada aqui no link https://bit.ly/2OIDgEU , temos mais uma história incrível.
A senhora de sessenta anos alemã Marianne está cansada de sua vida de casada e tediosa, e durante uma viagem a Paris, ela decide se suicidar pulando no rio Sena. Infelizmente para ela, fracassa ao ser salva por um homem que presenciou a cena, e acaba no hospital, sozinha (já que seu marido não quer perder o dinheiro da passagem de volta) e sem perspectiva, até encontrar um azulejo pintado com um cenário portuário: a cidade de Kerdruc.
Neste momento ela decide que este será o seu destino: ir até essa cidade, que lhe parece mais familiar do que deseja. Quando chega ao seu destino encontra um bistrô com muitas histórias: A dona do estabelecimento, madame Geneviève, o cozinheiro jovem que parece com Alain Delon, Jeanremy, a garçonete Laurine, além de outros personagens como Yann, Paul, Colette, e o casal Emile e Pascale. A história da viajante se funde com os habitantes, e o local, que é extremamente relacionado com a Bretanha (já que a cidade fica na pontinha da França perto do mar do Norte).
A história é humana ao mesmo tempo que mágica. Temos personagens diferentes com dramas diferentes, e que por causa de Marianne, uma mulher que se descobre após anos escondida por conta do pouco caso do marido, a vida deles ganha cor.
Comecemos por falar de Marianne. Uma personagem que traz para a nossa realidade o possível de ser feliz independente da idade, e que ninguém deve nos dizer como fazê-lo, e que nós fazemos nossa felicidade com o que gostamos. Depois que se afasta do marido, ela aprende a cozinhar, retoma tocar acordeão, um instrumento que gostava, muda seu visual, e mais importante, se apaixona por Yann, um artista plástico que havia feito o azulejo que a levara até lá.
Sua estadia no bistrô Ar Mor é acolhida pelos locais, e ela logo ganha familiaridade para ajudá-los a tomar decisões que mudem sua vida, como incentivar o cozinheiro Jeanremy a se declarar e Geneviève a aceitar seu amor de muitos anos que havia sido ferido no passado.
Durante a leitura, temos uma fusão entre França e Bretanha (algo bem raro), pois apesar da cidade de Kerdruc ser francesa, vemos que os personagens falam bretão (e não inglês), e também nos apresenta lendas e histórias da cultura celta, que se tornam mais presentes na superstição dos locais que a civilidade. Por isso, Marianne e sua presença lá não é vista como uma coincidência.
O livro é bonito não por trazer o amor em seu enredo, mas por suas formas de ser descoberto e demonstrado verdadeiramente, mas principalmente, a importância da felicidade própria, e de se conhecer para amar. E que qualquer um, independente de idade, local, e o que quer que seja, deve tentar amar e ser amado, e feliz. Uma obra com personagens humanos e que nos permitem desejar ter coragem de arriscar por nós.
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