ANASTÁSIA - O MUSICAL
Nacionalidade: Adaptação Brasileira da versão da Broadway
Texto original (EUA): Terrence McNally
Músicas e Letras originais (EUA): Lynn Ahrens e Stephen Flaherty
Elenco brasileiro: Giovanna Rangel, Rodrigo Garcia, Luciano Andrey, Tiago Abravanel, Carol Costa e Edna D'Oliveira
Foto da apresentação realizada dia 12 de novembro de 2022, feita por Mariana Pacheco.
Eu já contei um pouquinho aqui no blog o quanto a história da princesa russa Anastásia fez parte da minha infância, e como foi importante para atiçar minha curiosidade sobre a história por trás da ficção. Foi com a animação de 1997 que entendi esse gênero de narrativa, e descobri, ainda pequena qual foi o real desfecho deste conto (nem tão) de fadas.
Quem quiser ler no post do blog sobre esta produção, só clicar aqui!
Enfim, "Anastásia" foi uma história que me marcou e despertou interesses que até hoje são presentes.
Em 2016, soube que um novo musical na Broadway estava sendo lançado, justamente recontando a versão da animação para os palcos. Meu coração se agitou, mas imaginei que precisaria esperar uns dez anos até ver chegar no Brasil. Felizmente, estava enganada, e dia 10 de novembro de 2022, estreou "Anastásia - O Musical" no palco do teatro Renault, em São Paulo. Eu garanti meu ingresso com 1 mês de antecedência, com lugar na primeira fila. Era O musical, para mim, que mais esperei para assistir. Estava muito ansiosa e animada para ver algumas soluções nesta adaptação para continuar contando a narrativa romântica da princesa russa.
Acho que a primeira coisa que me fez sentir um amadurecimento na história, me retirando a infância e me colocando em algo mais adulto, foi o antagonista da versão musical: enquanto no filme temos Rasputin, o maligno bruxo perseguindo Anya, nos palcos o agente Gleb do serviço secreto soviético é que se encarrega da missão de terminar com os boatos sobre a sobrevivência de Anastásia, matando a garota que suspeitam ser a princesa. Isso me felicitou muito, pois mostrou um pouco mais de esforço em colocar a história no cenário real da Revolução Russa.
Houve um pouco de cuidado em representar Gleb, o agente soviético que fica em dúvida se deve ou não matar a última Romanov, e seu perfil diante dos russos monarquistas fugidos para Paris. Além disso, detalhes como o nome da avó de Anastásia, o teatro de Yussupov, a fuga dos nobres da URSS, são discretos mas essenciais para quem repara na pesquisa histórica neste conto de fadas. Senti, enfim, que Anastásia evoluiu comigo, e continua me inspirando.
A troca da ordem das músicas não me incomodou, porque entendo que a saída de Rasputin exigiu uma reorganização de fatores, bem como das letras cantadas pelo antigo personagem. Entretanto, apresentar outra versão de algumas canções emblemáticas como "Foi no Mês de Dezembro" e Viagem no Passado", me deixaram um pouco incomodada. Eu queria cantar mentalmente junto. Mesmo assim, ao ouvir "Viagem ao Passado" antes do intervalo atingiu em cheio meu coração, e derramei algumas lágrimas.
Senti falta também do característico pingente que liga Anya à caixinha de música. A chave para a narrativa foi esquecida, mas deu para remendar sua ausência. O problema é que todas as garotas que assistiram em sua infância se perguntaram se veriam a peça ao vivo no pescoço da personagem, ou até mesmo se a comprariam na lojinha do teatro. Essa expectativa, infelizmente, não foi atendida.
Porém o figurino e o cenário, em compensação, nos fazem sonhar de novo, e desejar aqueles vestidos cintilantes, rodopiando no salão giratório no palco. Eu me apaixonei de novo pelo vestido azul que Anya usa na apresentação de balé. E claro, a nova versão em cor vermelha do vestido final da grã-duquesa redescoberta também é maravilhoso.
E os atores também trouxeram nossos personagens favoritos de volta. Dimitri foi o romance de muitas garotinhas dos anos 1990, que sonhavam com um príncipe encantado mais acessível, mais real. Ele foi essa paixonite de animação para mim. Mas não sei se pelo fato de ter escrito um romance histórico sobre a Rússia revolucionária, com espionagem e soldados, hoje, com meus 20 e poucos anos, foi Gleb que me conquistou, por sua determinação, e ainda assim falhas e passado duro.
Quanto a Anya, continua sendo uma personagem maravilhosa, sem tirar nem por. E Lily, que para nós foi chamada de Sophia na animação, é mais atrevida, e Vlad, interpretado por Abravanel, continua dando o tom cômico certeiro e adequado. A imperatriz viúva também me surpreendeu, por se mostrar ainda mais determinada a lutar com seu passado que na animação, o que me pareceu mais próxima do que deve ter acontecido com Maria Feodorovna.
Foi uma mistura maravilhosa e mágica de nostalgia e revitalização do meu desenho favorito da infância, e eu amei cada momento, lacrimejando algumas vezes, por saudades, por felicidade. Apreciei os segundos desta viagem ao passado, e espero assistir mais uma vez em dezembro, porque ele roubou meu coração.
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