Título: Os espelhos de Versalhes
Autor: Raphael Prats
Editora: LF Editorial
Classificação indicativa: livre
Gênero: Romance Histórico - Nacional
Lançamento: 2019
"Vivemos todos no mesmo mundo,
não é razoável serem diferentes as pessoas umas das outras."
O segundo livro do autor Raphael Prats traz um refinamento em sua escrita, e uma história mais complexa que tem um cenário igualmente complicado: O suntuoso palácio de Versalhes, em seu período de construção.
O rei Luís XIV está doente, padecendo em segredo, enquanto outros reis já cobiçam seu trono, banqueiros se preocupam com o pagamento da enorme dívida da França devido aos empréstimos, e a corte especula seu futuro como residente na gaiola de ouro que ser ergue no interior, sendo controlada e manipulada pelo rei centralizador de seu poder. A morte do monarca seria algum ruim, como ao mesmo tempo conveniente.
Os boatos chegam ao ouvido da Igreja, mas não no Vaticano, e sim de uma organização em Veneza que preza por manter um equilibrio, e que como igualmente teve a missão de transmitir os conhecimentos abafados pela Inquisição (apresentado no primeiro livro de Raphael - "A Revolta do Inquisidor), agora deseja salvar o rei da França de sua doença, que transmite sintomas de ser proposital, resultado de um envenenamento. Paral tal missão, a Ordem de São Marcos designa o cardeal Marcantônio Albertoni, que já habitara a França ao lado de Richelieu e Mazarino, os braços direitos dos reis franceses.
Mesmo sem saber como curá-lo, inicialmente, Marcantônio sabia que sua aproximação do rei Sol era de suma importância para o sucesso de sua missão, porém não imaginava os impecílios que encontraria pelo caminho, como uma organização da pura nobreza que, para evitar a cura de Luís e o controle da corte pelo rei, faria de tudo para afastá-lo de seu alvo.
A chegada do cardeal a Paris é no auge da investigação do famoso caso dos Venenos, e suspeitas de contenham tais substâncias são um tabu e uma sentença de morte. Buscar uma cura para o rei é tão desafiador como achar uma brecha que coloque-o frente a frente do rei para contar seus motivos e sua missão para ajudar o reinado.
Em meio a figuras como Madame de Montespam, o chefe da polícia secreta Nicolas de la Reynie, o primeiro valete Bontemps e Duque de Orleans, e o arquiteto-chefe François Mansart, Albertoni descobrirá que a herança dos dois importantes cardeais da França é justamente a cura e a solução para manter ao reinado duradouro: os 357 espelhos que o rei precisa ter ao seu lado em Versalhes, em um enorme salão.
O clímax chega justamente quando as peças se encaixam na apresentação do Galeria dos Espelhos por Mansart, e a necessidade de revelar aos rei que a cura é possível. Em um momento tenso, barreiras terão que ser quebradas, confiança a ser conquistada e a verdade será testada, mesmo que algumas questões permaneçam, a vida do rei será poupada.
A construção do enredo mostra uma maturidade de pesquisa e de narrativa por parte do autor, trazendo uma leitura com personagens complexos e com amarrações de mistério e suspense além do romance histórico, prendendo o leitor na lógica dos acontecimentos, e deixa perguntas no ar que, esperamos, serem esclarecidas em uma próxima história, especialmente esta ao final: "Quem acenderá as velas quando o Sol se pôr?".