Quando escrevemos romances Históricos, que tratam com realidade e ficção, OBRIGATORIAMENTE já é preciso um trabalho, por parte do escritor, de pesquisa sobre o tema a ser fundido com a imaginação, que envolve desde fatos que aconteceram, até costumes, vestuário, cenário, datas, comportamento, e assim, inserir maior veracidade ao romance, que é um dos objetivos do romance histórico: trazer a ficção com um gosto de verdade palpável.
Porém outro tipo de autor que trabalhar com a pesquisa é o escritor acadêmico, ou apenas pesquisador acadêmico. Alguns autores traçam sua carreira de escritor em paralelo com uma carreira acadêmica, que em momentos de cruzam por suas semelhanças de pesquisa, e em outras fases, precisam se separar.
Eu, como autora (Mariana Pacheco), descobri meu gosto por pesquisa durante a produção do livro "A Rosa e o Florete", que me permitiu uma forte ligação com o universo de pesquisa, e após a publicação do meu livro, senti a necessidade de dar continuidade. E nesse trajeto, tenho descoberto coisas relevantes, e gostaria de dizer algumas.
Uma das primeiras coisas que aprendi, graças a uma professora da universidade, que me ajudou na produção do meu primeiro artigo científico, foi que o bom pesquisador não utiliza de superlativos (certamente, com certeza...) e busca imparcialidade em seu texto. Inicialmente, eu não entendia o motivo. Ouvi posteriormente, que colocar a opinião é essencial para o artigo, entretanto, ainda hoje levo o ensinamento desta professora pelo seguinte motivo: Sua opinião fere as evidências. Experiência pessoal e opinião pessoal não provam nada, e acabam colocando em dúvida os argumentos fundamentados que você apresentou, pois podem ter sido julgados por você. Para não ser questionado por seu lado pessoal, mantenha-se no academicismo.
Apesar de ter título de Mestre em Letras, por causa da minha formação em Publicidade e Propaganda, possuo uma relação forte com a pesquisa da Teoria da Comunicação, porém também consigo abranger Historiografia da Mídia e Linguistica. Não estou querendo exibir meu currículo, mas mostrar que, se você tem curiosidade por um tema e interesse em pesquisa-lo, não deixe que suas limitações de formação ou a "temática" que dizem que você domina, o impeçam. Escrevi um livro sobre a França, mas já tracei pesquisas sobre temas completamente opostos, como já escrevi sobre a França academicamente. Arrisque!
Um acadêmico, as vezes, tem dificuldade em ser um escritor. A obrigatoriedade de seguir normas da ABNT, de ter uma postura de escrita e trabalhar constantemente com bibliografias e produções das mesmas, as vezes, tem dificuldade em escrever um romance que possua mais liberdade de escrita. Porém, uma coisa que admiro nos acadêmicos é a paciência e o aperfeiçoamento. Grandes acadêmicos demoram anos até se sentirem prontos para escrever um romance, e não se sentem pressionados para escrever outro em menos de um ano, até porque essa pressão ele já se coloca com as produções cientificas. Escrever um romance é algo que ele faz porque quer, gosta e se sente pronto, independente do tempo que leve. Alguns escritores deveriam pensar assim... faria mais bem para ele e para a literatura.
Também pude ser mais compreendida como escritora no universo acadêmico, pois esses profissionais da pesquisa entendem a pressão de produção, de escrever, atiçada por curiosidade e transformada em profissão. Além disso, descobrimos os mais diversos interesses de pesquisa de pessoas de várias áreas e idades, e que se dispõem a ouvir seu trabalho em um congresso ou evento.
Os acadêmicos também reconhecem o trabalho de um autor. Eles sabem da dificuldade de escrever um livro (seu trabalho) e publica-lo, também de protegê-lo. Plágio é imperdoável e Ghost Writer faz muitos narizes torcerem. Respeitam as bibliografias que utilizam, e qualquer outro livro que lêem. Compram seu livro, se desculpam pela falta de tempo para uma leitura mais leve, mas prometem que assim que entrarem de férias irão ler. Em algum momento irão ler, mas vão respeitar sua conquista.
O universo acadêmico não é como muitos imaginam: Não é chato, esnobe, ou extremamente político. Pelo menos na área em que atuo (Comunicação) vejo respeito e compartilhamento de ideias e experiências, com reconhecimento como retribuição. Por isso, recomendo aos autores que sejam acadêmicos, ou respeitem essa área de pesquisa.