FICHA TÉCNICA:
A TROCA DE RAINHAS
Nacionalidade: França, Bélgica
Direção: Marc Dugain
Gênero: Drama Histórico
Lançamento: 2017
Elenco: Juliane Lepoureau, Anamaria Vartolomei, Igor van Dessel
"Uma princesa deve casa-se e perpetuar uma dinastia!"
Em nossas aulas de história, ouvimos falar de como a diplomacia funcionava no passado, em que não existiam comitês para acabar com guerras: O casamento, ou alianças entre casas reais, era muitas vezes, a saída necessária. Para os monarcas que tomavam essa decisão, não costumava ser tão penoso quanto para as princesas, noivas destinadas a serem acordos de paz.
Nesse filme trazido diretamente da França e apresentado ao Brasil pelo festival Varilux 2018, vemos justamente essa relação de casamentos arranjados para conseguir uma paz estável entre Espanha e França. Temos aqui o jovem Luís XV, uma criança de 12 anos, destinado a ser um rei órfão de qualquer parente e obrigado a se casar com a pequena princesa espanhola, Mariana Vitória De Bourbon, que igualmente era uma criança de 11 anos. A França também fez sua oferta para a Espanha: a princesa Luísa Isabel de Orleães (mais conhecida como mlle. de Montpensier), deveria se casar com o príncipe e futuro rei da Espanha, Luíz I.
O acordo não poderia ser mais desastroso. Luísa Isabel demonstra um temperamento horrível e nenhum pouco disposta a ser esposa de Luiz I, e enquanto isso na França, a pequena Mariana, por mais doce e inteligente que seja, já demonstrando ser um boa rainha, ainda assim é incapaz de agradar por completo Luís XV.
Isso é a realidade histórica.
O filme é extremamente fiel aos fatos e quanto às impressões causadas por ambas as princesas em seus novos lares e também o que passaram quando foram rejeitadas pelas coroas que as receberam. É interessante que enquanto Luísa Isabel estava completamente ciente do que esperar e que era extremamente contra aquele acordo, Mariana em sua inocência via naquele acordo um conto de fadas e que o rei da França a amava verdadeiramente desde o primeiro momento, o que nos traz um contraste da maturidade e da infância colocadas em um mesmo conflito.
O caráter humano dos personagens históricos também traz maior veracidade e também ao que de fato eles sentiam. Você sente dó de Mariana quando Luís a recusa, raiva do primeiro ministro que o instiga a abandona-la, se entedia com a corte da Espanha, e se espanta com algumas atitudes de Luísa Isabel, e claro, alguns momentos conseguem ser divertidos, mesmo em filme voltado para o histórico.
A gente também vê mais uma vez a corte como ela é. Tem sido mais frequente essa questão de trazer a realidade menos romantizada para o cinema, mostrando até mesmo as questões mínimas, como as necessidades básicas ao banheiro, até os tabus.
A fotografia é impecável, como todo bom filme artístico, e os contrastes entre uma corte e outra, e até mesmo o momento que ambas trocam de lugar durante a travessia na fronteira (tanto no começo quanto no final do filme), trabalham esse simbolismo sutilmente. Se por um momento as cortes pareciam diferentes em seus costumes, no final, ambas foram iguais ao abandonar as princesas.
Não é um filme para encher salas cinema, nem de ação contínua, mas é um filme delicioso para amantes de história e que vale a pena correr atrás antes que saia dos poucos cinemas em que está disponível. Vamos incentivar os cinéfilos para assistir esses tipos de filmes, que conseguem ser maravilhosos para aqueles que os sabem apreciar!