Título: Révolution
Autor: Jennifer Donnelly
Editora: La Martinière
Classificação indicativa: Livre
Gênero: Romance contemporâneo
"Un âge d'or, la liberté pour tous... Et nous croyons ses promesses de tout notre coeur, un bref laps de temps. Jusqu'à a l'apparition de la guillotine, place Luís XV,qui va devenir un grand théâtre sanguinaire, jusqu'à ce que les tombereaux emportent des milliers de victimes."
Esse foi o primeiro romance em francês que nossa autora leu. O livro foi um presente direto de Paris. Uma lembrança maravilhosa da capital francesa e sua história revolucionária, que se aprofundou com essa leitura.
Duas mulheres de séculos diferentes, porém com semelhanças em suas histórias de vida....
Andi é uma jovem francesa, estudante de música extremamente dedicada e que reside nos Estados Unidos, enfrentando problemas para escrever sua tese sobre o músico Amadé Malherbeau e situações familiares inesperadas que a fazem sair da América e retornar para Paris.
A história em suas primeiras 100 páginas se mostra um pouco insossa, apresentando o dia a dia de Andi, quando ela volta para a França porque sua mãe adoece, seu relacionamento distante com seu pai, os amigos que possui e vai conhecendo no decorrer da história, em especial o amigo da família, o historiador que é apelidado de G. A partir do contato com G, Andi descobre dentro de um antigo violão datado da época da Revolução Francesa, um diário. É ai que a história realmente começa.
Andi, através do diário que data da época de 1895, conhece a história de Alexandrine, uma comediante (podemos interpretar aqui no português, também atriz), que, por se tornar querida pelo delfim Luís Carlos, o filho mais novo de Maria Antonieta, tem acesso a Versalhes e proximidade com família real. Por esse motivo, Alexandrine também relata em suas páginas (que poderiam ser mais extensas) sobre a situação da França antes, durante e depois da Revolução Francesa, com uma visão de contraponto, se colocando em pró da monarquia.
A questão X do livro é o que liga Alexandrine e Andi: o coração do príncipe Luís Carlos. Para entender um pouco isso, temos que saber de uma história que surgiu com revolução, se tornando um mistério e quase uma lenda: O coração de Luís XVII.
O Delfim Luís Carlos, filho mais novo de Maria Antonieta e Luís XVI, foi considerado "rei" pelos monarquistas quando seu pai foi guilhotinado. O garoto não sofreu o mesmo destino, mas passou sua jovem vida como prisioneiro e vitima de péssimas condições, o que teria feito com que ele adoecesse e falecesse, vitima de tuberculose, possivelmente. Por conta das poucas informações de como e quando foi sua morte, se fizeram boatos sobre isso. O mais famoso é que, após sua morte, foi feita uma autopsia, e seu coração foi guardado e preservado por um médico que sabia sobre a descendência do garoto.
Em 20 de abril de 2000, fragmentos desse coração preservado foram testados com o ADN de mechas originais de Maria Antonieta e com ADN de membros sobreviventes da casa Habsburgo (o teste feito somente leva em consideração informações genéticas transmitidas pela mãe) . Concluiu-se que, de fato, o coração pertencia ao delfim Luís Carlos. Seu coração agora repousa na cripta real.
Ok, mas o que tem a ver com o livro?
Alexandrine conta sua tentativa frustrada de salvar o principe de morrer tragicamente, vitima da revolução, negociando com o duque de Orleans, que cobiçava o controle da França. mas para isso precisava colocar o garoto no trono e ser seu tutor até a maior idade. Alexandrine percebe que estava sendo manipulada em favor do duque, ela o enfrenta, e o plano dele fracassa, entretanto, também não atinge o objetivo de salvar o príncipe.
Quanto a Andi, se sente sensibilizada, pois também perdera um garoto e sente a culpa ainda em seus ombros, mês que não seja responsável por sua morte: a morte de seu irmão mais novo em um acidente. Essa perda ainda é um empecilho no relacionamento familiar, mas depois de ler a história de Alexandrine, algo a mais a toca e muda esse aspecto.
Ambas lutaram por uma criança, e ambas não conseguiram salva-la... Porém Andi ainda precisaria de mais uma experiência histórica para mudar sua vida.
Durante uma visita às catacumbas de Paris, em uma curva errada, sem saber como ou porquê, Andi vai parar no séc XVIII, bem na época da revolução! Acaba encontrando o músico de sua tese, e sabendo mais da fatídica fase do Terror, presenciando até mesmo três condenações à guilhotina antes de passar mal.
Ela volta ao presente algum tempo depois, e sua história também muda com a experiência que teve, e percebe sua relação com a história de sua cidade após a leitura do diário de Alexandrine e essa volta no tempo inesperada.
Andi percebe que ainda dá tempo de mudar sua própria história, tanto familiar, com seu pai e suas lembranças da morte de seu irmão, além de um novo amor que surge em seu caminho de forma inesperada.
O livro é uma aula de experiência, e profundo em sua forma de mostrar uma jovem parisiense que precisou verdadeiramente de um empurrão da história para mudar sua vida. A leitura possui o ritmo da vida de Andi, que de algo pacato se torna completamente diferente quando o diário de Alexandrine chega em suas mãos.