Título: A Elegância do Ouriço
Autor: Muriel Barbery
Editora: Companhia das Letras
Classificação indicativa: Livre
Gênero: Romance contemporâneo
"O que é uma aristocrata? É uma mulher a quem a vulgaridade não atinge,
embora esteja cercada por esta."
Em um prédio tradicional de um bairro elegante, encontramos uma zeladora de meia idade culta e desconfiada, uma adolescente calada e reflexiva, um senhor japonês misterioso e sorridente, um crítico de gastronomia à beira da morte, uma faxineira portuguesa que nasceu para ser rainha , e voilá! Bem vindo a um cenário que poderia expressar a cidade de Paris contemporânea!!!
O livro é um mistério pelo seu nome: A Elegância do Ouriço. Oras! Quem pensa que um ouriço possa ter qualquer forma de elegância! Você não sabe o que esperar dessa história, mas a capa é bem atrativa (que conhece Paris, logo relembra da singeleza dessa cidade), uma Paris acinzentada com pássaros coloridos... Então você o pega da estante da livraria e arrisca em lê-lo e descobre um deliciosa surpresa!!!
A história conta o dia a dia de Renée, a concierge de 54 anos em um prédio chique de Paris (para quem não sabe, na Europa, em sua maioria, são mulheres que tem a função de "zelador" dos prédios, ao contrário do Brasil), e que é julgada pelo estereótipo de sua função: Uma velha senhora, sisuda, anti-social, calada e ignorante. Responsável apenas em cumprir suas funções dentro do prédio, tal como receber correspondência e atender as necessidades dos moradores quanto a sua moradia. Só que quando entra em seu apartamento, ela tem uma versão bem diferente de sua pessoa.
Além de Renée, também ouvimos a voz de Paloma, a filha mais nova de um dos residentes do edifício, e que tem uma mente muito introspectiva, com pensamentos profundos de sua vida e da sociedade que a cerca em sua rotina, que não lhe agrada nem um pouco. Porém, ao conhecer a concierge Renée, percebe que o mundo pode lhe surpreender positivamente.
Essa amizade entre duas figuras completamente opostas e a descoberta de uma sociedade mais complexa em seu prédio, uma minúscula parte de Paris, traz revelações interessantes em nossa forma de pensar, especialmente quando Paloma explica essa elegância do ouriço:
"por fora, é crivado de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes."
Por fim, é um livro reflexivo da literatura contemporânea e que vale muito a pena ser lindo, não só pelas personagens extremamente cativantes, mas por essa Paris dos nossos tempos.