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Resenha leitora Carla Laurentino

Atualizado: 1 de out. de 2021


A leitora (e também escritora) Carla Laurentino fez uma resenha incrível após a leitura do livro "A rosa e o florete", e claro, não dava para não compartilhar!!!

Confiram!!!

"Não queria começar tudo isso com a velha frase de sempre, mas é quase impossível ter esse livro em mãos, ler sem desgrudar dele por dias e finalmente dizer: MEU DEUS DO CÉU! Parece exagero, mas eu raramente escrevo resenhas sobre os livros que leio porque realmente não sei escrevê-las e prefiro sempre discutir a minha opinião batendo papo com outras pessoas, mas A Rosa e O Florete é aquele tipo de livro que te pega de jeito e tão surpreendentemente que você acaba quebrando as próprias regras para falar sobre ele!

Temos, portanto, a protagonista, Guilhermina Shufmann D’anjour, que é parte austríaca, parte francesa. Iniciamos a história com Mirna ainda muito novinha, uma criança, e aos poucos nos acostumamos com o seu cotidiano e com sua personalidade, que cresce e se expande lindamente ao longo do enredo. Eu me apaixonei por ela logo de cara, porque é sempre muito complicado encontrar protagonistas que não apenas sejam naturalmente fortes, independentes e de opinião firme, sem os exageros típicos das escritoras contemporâneas na tentativa de criar uma mocinha “de personalidade”, mas que sustentem seus ideais e sua feminilidade, sem que uma coisa anule a outra. Achei magnífica a simbologia que o próprio título carrega, porque não é somente à parte histórica, excelentemente representada e mesclada com pitadas de ficção e realidade, que ele se refere. A rosa e o florete representam, também, a própria Mirna, e sua luta interna para equilibrar a vida dupla que começa a levar a partir do momento que seu pai é morto em serviço e a garota precisa assumir o lugar dele como comandante, com apenas quinze anos e nenhuma experiência. Não é nada fácil para ela, aparecem inúmeras dificuldades e Mirna comete alguns equívocos e se sente despreparada em vários momentos, mas sua insistência e determinação são fundamentais tanto para o cargo de comandante quanto para seu próprio amadurecimento como mulher e como membro de uma sociedade francesa que se vê em crise e ávida por melhorias e reformas políticas e sociais.

A partir disso, crescemos junto com Mirna de várias maneiras diferentes, e acompanhamos seu amadurecimento emocional e suas relações com os demais personagens. A narrativa é muito fácil de absorver, sem floreios desnecessários e descrições pesadas e cansativas. Confesso que no início tive certa dificuldade em assimilar de imediato o estilo de escrita da Mariana, porque foi realmente um pouquinho novo para mim os diálogos mais diretos e enxutos e a distribuição dos capítulos, mas, se me lembro bem, após 15 ou 20 páginas eu não tive mais nenhum problema e a leitura fluiu tão divinamente que, juro, só consegui sossegar quando o livro tinha acabado!

Não posso mesmo deixar de comentar um pouco mais sobre a abordagem da Revolução Francesa, porque o enredo toma início alguns anos antes do conflito e acompanha todo o desenvolvimento da revolução, passando até mesmo por Napoleão e um pouco mais além. Para mim, a Mariana soube encaixar perfeitamente os fatos históricos e entrelaçá-los com a vida da personagem principal, que participa ativa e diretamente da revolução, além de interagir com figuras históricas como Maria Antonieta, o próprio Luís XVI, Axel von Fersen e Rousseau. Temos, também, alguns trechos narrados por um personagem “extra”, que se apresenta como o narrador da história de Guilhermina e tem um importante papel ao final do livro, que, por sinal, me deixou com uma sensação de satisfação imensa, mas extremamente triste!

O romance, por fim, fica a cargo de Richard, um dos soldados companheiros de Mirna, e tudo o que posso dizer é que foi do jeitinho que eu adoro! Um romance que não atrapalha nem se apodera da trama, e surge genuinamente, sem esforços ou “frases de efeito”. Vou deixar um pequeno spoiler e dizer que esse romance, por vezes tímido, deixou meu coração em prantos.

Nossa, eu poderia passar horas falando sobre esse livro, mas o que posso dizer sobre A Rosa e O Florete é que foi uma belíssima surpresa, e que a estreia da Mariana Pacheco não poderia ser mais fantástica! Um livro maravilhoso, que vai te conquistando devagarzinho, até que, no fim, você se sente parte daquela narrativa e se envolve seriamente com os personagens. Sou apaixonada pela Mirna e achei incrível a ideia de acompanharmos o crescimento e amadurecimento dela correndo lado a lado com a explosão da Revolução Francesa. Mariana destrincha vários períodos e até mesmo deixa notas históricas entre alguns capítulos. Foi um dos meus livros favoritos do ano e virei fã incondicional da autora depois dele! Recomendo a qualquer pessoa que seja tão apaixonada por História como eu, mas que também aprecia um belo romance."


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